Considerada a primeira roça de candomblé ketu do
Estado de São Paulo, a Casa de Pai Bobó, como era conhecido o pai de
santo José Bispo dos Santos, está mais perto de se tornar um Centro de
Memória Viva.
Localizado no Pae Cará, em Vicente de Carvalho, o
Ilê Oyá Mesan Orun, que no idioma iorubá quer dizer Casa de Iansã, está
em processo de formalização jurídica.
“Essa é
a segunda etapa para a concretização do centro de memória. A entidade
precisa estar juridicamente organizada para que a parceria seja
estabelecida, conforme determina a Lei 13.019 (que estabelece o regime
jurídico das parcerias voluntárias)”, afirma o secretário de Cultura de
Guarujá, Odair Dias Filho.
A primeira
fase já foi concluída. O historiador Ricardo Ramos Rugai foi contratado
em outubro do ano passado pela Prefeitura para elaborar oprojeto básico
do futuro centro. Ele mapeou o conjunto de fontes históricas que
constituirão o acervo e definiu as plataformas de interação com o
público.
Paralelamente, a Casa de Pai
Bobó ganhará outro status ainda neste ano. Por sua importância
histórica, o terreiro fará parte do roteiro turístico da Cidade. “Tive
uma recente reunião com a secretária Maria Eunice (Ribeiro Leão
Grötzinger, titular de Turismo) para tratar do assunto. Estamos para
fechar os detalhes”, afirma Dias.
O
terreiro de candomblé ketu de Vicente de Carvalho é considerado o mais
antigo do Estado e ainda funciona. “No mês passado, houve a festa de
Iansã, e vieram mais de 500 pessoas, inclusive de outros estados, entre
elas várias autoridades”, afirma Luís Carlos da Costa, cujo nome
espiritual é Ogan Luís Obá Lode.
Ao
lado da líder religiosa Mãe Clarinha de Iansã, Luís é um dos guardiões
da casa. Ele se diz satisfeito com o andamento do projeto e ficou feliz
ao saber que a casa entrará no roteiro turístico da Cidade. “Foi uma
briga muito grande para conquistarmos nosso espaço.
Agradeço a todos os filhos, netos e bisnetos espirituais de Pai Bobó, pois só uma andorinha não faz verão”.
Início
Pai
Bobó foi iniciado na religião aos 4 anos de idade pela ialorixá Cotinha
de Ewá, da conhecida Casa de Oxumaré, na Bahia. Ele deixou Salvador em
1950 e se estabeleceu por alguns anos no Rio de Janeiro,até vir para São
Paulo.